Escrito por Bruno Boldrin
Na semana de lançamento de Army of the Dead, filme dirigido por Zack Snyder (Liga da Justiça e 300), a Netflix liberou o trailer de Resident Evil: Infinite Darkness, a série animada em CGI foi anunciada em agosto de 2020, na época a Netflix havia anunciado que tinha planos para um reboot dos filmes em live-action chamado de “Welcome to Raccoon City”, adaptando os primeiros 2 jogos da franquia, e uma série em CGI, que nesta semana revelou seu lançamento, programado para 8 de julho de 2021 e contam com Leon Kennedy e Claire Redfield como protagonistas até o momento.
A questão é, será que ainda existe espaço para essa formula?
Não é de hoje, que os vínculos de entretenimento vêm ganhando rios de dinheiros com os monstrengos. São livros, filmes, séries, jogos, card games, fantasias, eventos inteiros como parques temáticos, totalmente voltados para o assunto. A formula quase certa de dinheiro, mas nem tanto de sucesso deu uma respirada nos últimos anos, mas ainda sim parece que ainda é difícil se destacar quando o assunto é trazer os mortos de volta. (piadoca logo no começo pra vocês)
A indústria pop sempre teve tendências em seus meios, se um filme tiver um destaque por se destacar em algo, normalmente esse assunto ou plot será usado até serem esgotados. Ultimamente tivemos o exemplo do plot de “desconstrução de heróis”, não é algo totalmente novo, algumas revistas em quadrinhos trabalhavam roteiros dessa maneira a bastante tempo, mas com a chegada de The Boys em julho de 2019, criou uma tendência de outros vínculos em quererem explorar o conceito, com isso recebemos outras adaptações ou novas criações do mesmo assunto, o que podemos dizer que não é ruim.
Invencível; O Legado de Júpiter; Power, todas elas apesar de estarem tratando da “desconstrução de heróis” elas estão explorando universos e histórias diferentes, apesar de parecidas elas são totalmente diferentes. A questão é que esse tema é consideravelmente novo, com muita coisa histórias e assuntos para serem tratados e abordados ainda... Agora quando falamos de zumbis, estamos falando de um tema que vem sendo utilizado pela indústria a décadas, e ultimamente os filmes mais especificamente, não vem conseguindo seu um destaque a tempos.
A última atração que caiu na graça do público foi o lançamento de “The Walking Dead” lá em 2010, fazendo com que a outros vínculos fizessem de tudo para entrarem no meio do trem do hype, com isso até mesmo a indústria de vídeo games nos próximos anos foi saturada com inúmeros conteúdos de zumbis que muitas vezes eram produções meia boca, que tentavam ganhar seu espaço. A questão é que The Walking Dead não criou o gênero de zumbis, e nem foi o primeiro a adaptar algo no tema. No fim, o que fez com que o público voltasse ao com todo alvoroço atrás do tema de novo?
O que deu o destaque a The Walking Dead não foi o gênero em si, mas como ele é abordado. Em 2002, “Resident Evil e o hospede maldito”, chegava aos cinemas. E trouxe um calor para um público jovem da época que muitas vezes não conheciam os jogos, e que estavam carentes do gênero.
Os filmes de Resident Evil, não eram boas adaptações dos jogos, não eram bons filmes independentes por si só... Com um roteiro fraco, cheio de furos e interpretações dignas de um lanche e um refrigerante como pagamento, como o filme conseguiu ganhar tanto público na época?
A questão foi que Resident Evil, trouxe de volta aos cinemas um gênero que estava “no freezer” a um bom tempo, sem ideias para ganhar seu espaço. Além de tudo o filme tomou do cálice de outras franquias que estavam ganhando seus destaques. As cenas de ação contavam com um toque de “Matrix”, além de carregar o nome de “Resident Evil” que na época já era um nome de referência nos vídeos games, porém sem força em outras mídias.
Com o tempo, tanto a franquia de jogos quanto a de filmes, acabou se desgastando, mas continuaram lançando seus produtos. Nos filmes, com o tempo além de Matrix, os longas tentaram (sem sucesso) beber das fontes de Anjos da Noite, os fãs que cresceram acabaram deixando a franquia de lado e percebendo que o gore e as cenas de ação do filme só eram boas nas memórias. E acabou que chegou a hora de se reinventar de alguma maneira.
Em janeiro de 2005, a Capcom, entendeu que depois de inúmeros jogos da franquia, não só o roteiro e o gênero, mas as ferramentas do jogo em si estavam ficando datadas, e repetitivas. Ganhar os fãs em 1996 era bem mais simples, sem nenhum outro título de peso para que os fãs pudessem comparar, acabou que o jogo ganha seu espaço e dita as regras do gênero como pioneiro, agora quase 10 anos depois, a Capcom apostava em novas ferramentas e novas abordagens para a franquia.
Finalmente abandonando o plot do C-Virus e todo a temática de zumbis de lado, o jogo explorava mais elementos de “horror shooter”, apostando mais em um jogo de ação, a onde o jogador mais atirava do que resolvia os quebra-cabeças, porém ainda tentando manter um visual de “terror”, porem em uma abordagem diferente.
O desenvolvimento do jogo foi tão diferente dos seus anteriores, que acabou dando à luz a franquia Devil May Cry, a questão foi que o jogo agora bebia muito da franquia dos filmes, porém ainda sim com um toque de animes, principalmente nas cutscenes. Leon agora era um protagonista muito mais badass do que o antigo Leon que foi mostrado anos atrás em Resident Evil 2.
Apesar dos desvios entre os filmes e jogos, as animações independentes de Resident Evil, sempre traziam os zumbis e inimigos clássicos de volta. Porem apesar de tudo, nunca conseguiam seu espaço... Além dos roteiros bem genéricos, cenas de ações bem galhofas, algumas por serem extremamente exageradas, outras por sua coreografia horrorosa, as animações eram pra um público muito especifico, então já sabendo do histórico de conteúdo de Resident Evil, o que podemos esperar de Infinite Darkness? Agora com um desenvolvimento feito pela Netflix.
A Netflix agora tem uma missão um tanto quanto complicada, muito mais dinheiro está envolvido na produção, e tendo em mente que o público que será atingido será muito maior, com isso vem muito mais as cobranças.
Sendo uma “série animada” tudo dá a entender que teremos um enredo desenvolvido com mais calma, talvez com um toque e conspiração entre o governo e a Umbrella Corporation. Mas ainda assim, os fãs tem que ter em mente que Resident Evil é um produto de origem asiática, e não um produto do ocidente. As escolhas de cenas, coreografias, desenvolvimento e ritmo do roteiro de Resident Evil Infinite Darkness, com certeza, será mais próximo com o de um anime, do que um filme investigativo do Tom Clancy por exemplo. A questão é como o público, nas Américas e Europa irão receber o filme, e como a Netflix fara para conseguir seu destaque nesse meio.
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