domingo, 9 de maio de 2021

Foi horrível, Nota 10: The Promised Neverland

Texto escrito por Pedro Terasso


        Olá a todos, acho que essa é oficialmente a primeira vez que eu começo um texto sem dizer que vou falar da melhor coisa do mundo. The Promised Neverland não é o melhor anime do mundo, na minha opinião ele está até relativamente longe disso, mas ele com certeza é um dos destaques da nova geração e definitivamente merece ser citado aqui.

        O anime estreou sua primeira temporada em 2019 e foi logo de cara um sucesso de audiência, a história é extremamente cativante e pelo menos a primeira temporada foi quase que perfeitamente adaptada.

        Eu vou tentar pegar leve com os spoilers, mas já adianto que citarei alguns, principalmente pra falar do plot principal da série.



        A história é protagonizada por três personagens: Emma, Ray e Norman, que vivem em uma espécie de orfanato isolado do mundo, aguardando o esperado dia da adoção. Quase que por acidente, Emma e Norman acabam descobrindo que todas as crianças que vivem ali, incluindo eles mesmos, estão sendo criados como carne pra abate para alguns seres que se assemelham a demônios. Nenhuma criança tinha ficado na casa depois do seu aniversário de 12 anos, todas elas eram “adotadas” antes disso.

        E a partir desse momento Emma e Norman começam a traçar um plano de fuga daquele lugar, junto com todas as crianças. O plano que deveria ser secreto acaba sendo descoberto por Ray que se junta ao grupo apesar de ter opiniões divergentes as da Emma sobre o plano de fuga ideal

        Depois disso, é revelado ao público que o trio protagonista é composto por gênios e essa era a razão pela qual os três, aos 11 anos de idade, não tinham sido “adotados” ainda. Crianças inteligentes são apreciadas pelos demônios, então quando uma desse tipo aparece, ela deve ser maturada até o dia de seu décimo segundo aniversário e com base nessas informações e padrões das regras da casa, Emma, Ray e Norman começam a se organizar. Eu vou reter os detalhes do resto da história porque eu quero que você, leitor, dê uma chance ao anime. 



        The Promised Neverland é repleto de reviravoltas extremamente surpreendentes dentro dos 12 episódios. Eu te garanto que pelo menos um choque é recebido em cada um deles. Eu particularmente sou uma pessoa que tem o costume de assistir obras e animes que envolvam planos e personagens super inteligentes, então depois de anos vendo isso eu achei que tinha visto de tudo e nada mais me surpreenderia, mas eu estava errado. Esse anime derreteu minha cabeça muitas e muitas vezes, fez com que eu me sentisse burro, fez com que eu me colocasse no lugar daquelas crianças e tivesse a certeza de que eu não escaparia. Os meninos, Norman e Ray, te mostram visões completamente absurdas de planos e projetos que eles montam que são capazes de te deixar literalmente boquiaberto e a Emma apesar de ser mais emotiva e impulsiva não fica muito pra trás em termos de inteligência. Eles são o trio perfeito e é por isso que tudo flui tão bem com o plano deles.

        Eu não sou a pessoa que vai te contar se o plano funciona ou não, se eles conseguem a fuga ou quais deles conseguem a fuga, mas eu realmente recomendo que você assista. Ele é curtinho, eu mesmo vi em uma noite só (outro ótimo sinal de qualidade, já que eu posso garantir que eu não faço isso com um anime desde 2014), ele está com a primeira temporada completa disponível na Netflix e deve ficar lá por mais algum tempo, afinal mesmo dois anos depois do seu lançamento, The Promised Neverland ainda é retém um alto índice de audiência e relevância.

        Eu vou citar alguns pontos altos e baixos agora pra ajudar vocês a ponderarem se vão assistir ou não, apesar da minha clara recomendação acima.

        Os personagens são magníficos, além dos 3 principais outros 3 personagens acabam envolvidos diretamente com o plano inicial e apesar de não serem grandes masterminds como o trio protagonista, eles são igualmente cativantes.

        O anime é extremamente misterioso, literalmente todo episódio termina com aquele gosto de: “Meu Deus, eu preciso saber o desfecho disso”. E mesmo depois do final da primeira temporada, você termina com esse gosto.

        As reviravoltas são impressionantes. Eu já falei disso lá em cima mas eu vou tornar a repetir, chega a ser um absurdo o desenrolar dos planos e dos contra planos da “Mama” (Adulta responsável pela fazenda de abate onde vivem os protagonistas). Tudo parece um grande tabuleiro de xadrez, mas com peças humanas e uma carga emocional capaz de derrubar qualquer um.




        E por falar em carga emocional, isso esse anime entende. Não espere lutas, poderes ou qualquer coisa desse tipo pois não tem. O anime foca muito mais na questão emocional e mental do processo todo e faz isso com uma maestria que eu vi em poucos outros animes como HunterXHunter. Tem um episódio em específico que me obrigou a fazer uma pausa de quase 30 minutos depois de assistir, porque eu simplesmente não conseguia parar de chorar. Fazia muito tempo que eu não me emocionava assim com um anime.

        Já nos pontos negativos: Tudo é muito lúdico, é difícil acreditar que aquele cenário seja possível de alguma maneira. Claro que a ideia do anime é realmente mostrar cenários distópicos e longe da realidade. Mas até quando você tenta fazer alguma analogia ou metáfora, fica difícil de se localizar.

        A maior qualidade dos personagens acaba se tornando o maior defeito. Não é exatamente um problema pra mim que uma história de ficção fuja completamente da realidade, mas pra quem gosta de algumas pitadas de realidade, o problema acima e esse aqui vão ser um tanto complicados. É difícil acreditar que 3 crianças com 11 anos bolam planos tão mirabolantes de perfeitos quanto os que eles fazem. Com 11 anos eu corria na rua com pedaços de pau brincando de espada com meus amigos.

        A falta de respostas fixas também se torna um problema no final. Provavelmente com a intenção de instigar as pessoas a buscarem pela segunda temporada ou lerem o mangá, o anime acaba retendo alguns desfechos e isso não seria um problema se a segunda temporada não fosse um fiasco completo, eu vou entrar em detalhes sobre isso logo abaixo mas só pra concluir esse ponto: Faltam fechamentos de ciclos nessa primeira temporada e isso é um tanto incômodo, ainda mais pra gente como eu, que não se deu ao trabalho de ver a segunda. 

        A segunda temporada, em si, sofreu bastante hate do público que aguardava ansiosamente por ela depois da primeira ter sido espetacular. As maiores críticas envolvem a falta de adaptação de alguns momentos importantes e o tempo de história. A primeira temporada adaptou 37 capítulos do mangá em 12 episódios, enquanto a segunda adaptou os 144 capítulos restantes em 11 episódios e isso resultou em uma história corrida, mal contada e mal resolvida. Ocasionando bastante ira nos amantes da saga e com razão.

E com base em tudo isso, quais são minhas conclusões finais? Eu recomendo com todas as letras a primeira temporada, vale muito a pena assistir, é uma experiência pesada e exaustiva e você vai sair de lá completamente descrente e acabado, mas com certeza uma nota 10 deve ser atribuída. Quanto a curiosidade de saber os desfechos? Faça como recomendam, ignore a temporada dois e leia o mangá.

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